29 de dez. de 2010

Maldito Poeta

A maldição do Poeta
é cantar o amor da mulher
que ele não pode ter,
cantar a beleza de um mundo,
que não vai chegar a ver.
Realidade sem completude,
pois falta aos homens a atitude,
de deixar os sonhos solitários,
esse discurso temerário
de que só o “possível”
é o melhor, o acertado,
mas quanto do real é invisível?
Como a força do átomo,
como o desejo represado
de voar como pássaro,
desde a Grécia de Ícaro sonhado,
só por Santos Dumont realizado,
num aparelho estranho,
do que o ar muito mais pesado!
Quanto será mais dito impossível?
Quanto será julgado improvável?
Para depois vermos crianças no ginásio,
mexendo em complexos computadores
como nós outrora brincávamos com baralhos.
O Poeta continua a cantar a bela mulher,
como sempre as coisas que a mão não alcança,
no seu versar ele ardentemente quer.
Então faz da palavra lança,
para atingir o coração que se encanta!

(Para.....)

Um comentário:

  1. A poesia tem essa virtude voar mais alto que o próprio sonho. Entender a poesia, talvez jamais devéssemos... Parabéns, belo poema, delirante abordagem!

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